Explode os casos de Malária no Rio de Janeiro. São confirmados 14 casos!
Considerado livre da malária há quatro décadas, o estado do Rio volta a registrar a doença. Não são casos trazidos da Amazônia, mas originados no próprio estado. Por uma forma única do Rio e diferente das demais. Um surto de malária acontece na Região Serrana, com 14 casos confirmados pela Fiocruz no réveillon. Espera-se mais no carnaval e neste verão. O padrão da doença é completamente diferente do registrado na Amazônia, área onde a malária é endêmica. Dos 12 homens, uma mulher e uma criança infectados, apenas um é morador da Região Serrana. Os demais são turistas de alto poder aquisitivo, moradores da Zona Sul do Rio de Janeiro.
A confirmação de 14 casos de malária na Região Serrana do Rio, de janeiro até esta quarta-feira, preocupa autoridades sanitárias do estado. Em todo o ano passado, foram notificados oito casos na mesma área. Apesar de a doença ser considerada eliminada desde 1968 no Rio de Janeiro, esses casos tiveram origem local (autóctones). Todos os pacientes foram infectados na região da Mata Atlântica. Em nenhum dos casos, havia histórico de deslocamento para áreas com transmissão endêmica, como a Amazônia. A situação vem sendo acompanhada por técnicos do Ministério da Saúde. De acordo com a Superintendência de Vigilância Epidemiológica e Ambiental da Secretaria estadual de Saúde, os prováveis locais de infecção foram os municípios de Miguel Pereira (3), Nova Friburgo (2), Petrópolis (2) e Teresópolis (1). A origem dos outros seis casos permanece em investigação.
Técnicos da Secretaria de Saúde esclarecem que não ainda não há evidências de um surto da doença no estado e que "a situação de alerta nos municípios é direcionada para as pessoas que irão visitar as regiões próximas à Mata Atlântica, devido ao forte calor, que favorece o desenvolvimento do mosquito". Como a transmissão ocorre em ambiente silvestre, os técnicos recomendam às pessoas que tenham frequentado áreas de Mata Atlântica e apresentem quadro febril a buscar atendimento médico, informando o histórico de viagem, para facilitar o diagnóstico e o início de tratamento adequado.
Um estudo publicado na "Revista de Manguinhos", em dezembro do no passado, por pesquisadores da Fiocruz, já alertava para a ocorrência de malária na Região Serrana do estado. Em sua pesquisa, a estudante de doutorado em Pesquisa Clínica em Doenças Infecciosas do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz) Anielle de Pina-Costa investigou casos, adquiridos na região da Mata Atlântica, em que não havia histórico de deslocamento para áreas com transmissão local de malária. A tese, orientada pelos pesquisadores da Fiocruz Patrícia Brasil, do Ambulatório de Doenças Febris Agudas, e Martha Mutis, em colaboração com Cláudio Ribeiro, ambos do Centro de Pesquisa Diagnóstico e Treinamento em Malária, avaliou os aspectos epidemiológicos, clínicos, sorológicos e moleculares de 14 casos atendidos entre 2006 e 2013 no INI.
O estudo encontrou alta taxa de anticorpos para Plasmodium entre moradores de áreas próximas aos casos (50%), mas sem identificação do parasito no sangue dos indivíduos. Para a autora da tese, esse dado acende um alerta para as autoridades de saúde da região: “a alta taxa de anticorpos para plasmódio em regiões não endêmicas indica a transmissão de malária na região e aponta para a necessidade de estudo ou triagem nos bancos de sangue locais, visando à redução do risco de transmissão da malária por via transfusional (transfusão de sangue)”, adverte Anielle no artigo publicado pela Fiocruz.
Nos casos ocorridos nas regiões montanhosas (Guapimirim, Teresópolis, Sana, Macaé de Cima e Lumiar), o agente causador da doença encontrado é de um tipo diferente do Plasmodium vivax, parasita responsável por 85% dos casos de malária registrados no Brasil. O parasita causador da malária no estado causaria um tipo mais brando da doença, com tempo médio de 16 dias entre o inicio dos sintomas e o diagnóstico. O atraso na detecção dos casos estaria associado ao desconhecimento da população, devido à baixa divulgação da doença na região, e aos profissionais médicos, que supõem que indivíduos que não se deslocaram para áreas endêmicas de malária não podem ter a doença.
Os mosquitos responsáveis pela transmissão da doença na Região Serrana são do gênero Anopheles kerteszia cruzii, que utilizam as bromélias como criadouros. “A construção de moradias cada vez mais próximas à floresta e o desmatamento, associado à entrada constante na mata, sugerem relação com a aquisição da malária”, justifica a autora da tese. A pesquisa revela ainda que os casos ocorreram em sua maioria em visitantes (71,5%). “A baixa frequência de exposição aos mosquitos que transmitem a doença e ao parasito, além da consequente proteção imune reduzida do visitante contra o plasmódio, seriam possíveis explicações para a maior ocorrência de casos nesses indivíduos quando comparados aos moradores”, explica Anielle.
Fonte: Jornal Extra On Line
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A confirmação de 14 casos de malária na Região Serrana do Rio, de janeiro até esta quarta-feira, preocupa autoridades sanitárias do estado. Em todo o ano passado, foram notificados oito casos na mesma área. Apesar de a doença ser considerada eliminada desde 1968 no Rio de Janeiro, esses casos tiveram origem local (autóctones). Todos os pacientes foram infectados na região da Mata Atlântica. Em nenhum dos casos, havia histórico de deslocamento para áreas com transmissão endêmica, como a Amazônia. A situação vem sendo acompanhada por técnicos do Ministério da Saúde. De acordo com a Superintendência de Vigilância Epidemiológica e Ambiental da Secretaria estadual de Saúde, os prováveis locais de infecção foram os municípios de Miguel Pereira (3), Nova Friburgo (2), Petrópolis (2) e Teresópolis (1). A origem dos outros seis casos permanece em investigação.
Técnicos da Secretaria de Saúde esclarecem que não ainda não há evidências de um surto da doença no estado e que "a situação de alerta nos municípios é direcionada para as pessoas que irão visitar as regiões próximas à Mata Atlântica, devido ao forte calor, que favorece o desenvolvimento do mosquito". Como a transmissão ocorre em ambiente silvestre, os técnicos recomendam às pessoas que tenham frequentado áreas de Mata Atlântica e apresentem quadro febril a buscar atendimento médico, informando o histórico de viagem, para facilitar o diagnóstico e o início de tratamento adequado.
Um estudo publicado na "Revista de Manguinhos", em dezembro do no passado, por pesquisadores da Fiocruz, já alertava para a ocorrência de malária na Região Serrana do estado. Em sua pesquisa, a estudante de doutorado em Pesquisa Clínica em Doenças Infecciosas do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz) Anielle de Pina-Costa investigou casos, adquiridos na região da Mata Atlântica, em que não havia histórico de deslocamento para áreas com transmissão local de malária. A tese, orientada pelos pesquisadores da Fiocruz Patrícia Brasil, do Ambulatório de Doenças Febris Agudas, e Martha Mutis, em colaboração com Cláudio Ribeiro, ambos do Centro de Pesquisa Diagnóstico e Treinamento em Malária, avaliou os aspectos epidemiológicos, clínicos, sorológicos e moleculares de 14 casos atendidos entre 2006 e 2013 no INI.
O estudo encontrou alta taxa de anticorpos para Plasmodium entre moradores de áreas próximas aos casos (50%), mas sem identificação do parasito no sangue dos indivíduos. Para a autora da tese, esse dado acende um alerta para as autoridades de saúde da região: “a alta taxa de anticorpos para plasmódio em regiões não endêmicas indica a transmissão de malária na região e aponta para a necessidade de estudo ou triagem nos bancos de sangue locais, visando à redução do risco de transmissão da malária por via transfusional (transfusão de sangue)”, adverte Anielle no artigo publicado pela Fiocruz.
Nos casos ocorridos nas regiões montanhosas (Guapimirim, Teresópolis, Sana, Macaé de Cima e Lumiar), o agente causador da doença encontrado é de um tipo diferente do Plasmodium vivax, parasita responsável por 85% dos casos de malária registrados no Brasil. O parasita causador da malária no estado causaria um tipo mais brando da doença, com tempo médio de 16 dias entre o inicio dos sintomas e o diagnóstico. O atraso na detecção dos casos estaria associado ao desconhecimento da população, devido à baixa divulgação da doença na região, e aos profissionais médicos, que supõem que indivíduos que não se deslocaram para áreas endêmicas de malária não podem ter a doença.
Os mosquitos responsáveis pela transmissão da doença na Região Serrana são do gênero Anopheles kerteszia cruzii, que utilizam as bromélias como criadouros. “A construção de moradias cada vez mais próximas à floresta e o desmatamento, associado à entrada constante na mata, sugerem relação com a aquisição da malária”, justifica a autora da tese. A pesquisa revela ainda que os casos ocorreram em sua maioria em visitantes (71,5%). “A baixa frequência de exposição aos mosquitos que transmitem a doença e ao parasito, além da consequente proteção imune reduzida do visitante contra o plasmódio, seriam possíveis explicações para a maior ocorrência de casos nesses indivíduos quando comparados aos moradores”, explica Anielle.
Fonte: Jornal Extra On Line
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