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Agentes de Endemias sofrem com sequelas do contato com agrotóxicos (larvicida)

Maria Madalena Dias, 69 anos, se aposentou por invalidez da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) em 2017, após atuar por mais de 20 anos como agente de combate a endemias, função conhecida como “mata-mosquito”. A Funasa é vinculada ao Ministério da Saúde. A principal tarefa da agente era aplicar produtos químicos, como agrotóxicos, para combater mosquitos, como o da Dengue.

Em 2015, Madalena começou a sentir uma dor na coluna lombar e dormência nas pernas. Bexiga e rins falhavam. Após muitos exames, a servidora foi diagnosticada com neuropatia, doença que afeta os nervos, mas até hoje o quadro clínico não foi fechado pelos médicos.

— Fiquei paralisada e cheguei a usar cadeira de rodas. Até hoje tomo remédio para o intestino funcionar. Com fisioterapia, consegui voltar a andar, mas não tenho 100% do equilíbrio. Não vou à rua sozinha, porque eu não tenho sensibilidade em uma das pernas — contou. Entre os exames que Madalena foi submetida, está o de colinesterase, que detecta o grau de exposição a produtos tóxicos e mostrou que a servidora estava contaminada e com a imunidade baixa.

O Projeto Integrador Multicêntrico — uma parceria da Fiocruz, Instituto Nacional do Câncer, universidades e sindicatos dos servidores da Saúde — estuda os impactos dos agrotóxicos causados aos profissionais que combatem endemias no estado do Rio. Segundo os dados obtidos do Ministério da Saúde, entre 2014 e 2018, 319 trabalhadores morreram e 5.024 se afastaram em algum momento por motivo de doença.

Exames periódicos não são realizados

Aposentado por invalidez da Funasa, Marcos Aurélio da Silva, 54 anos, conta que não havia treinamento e nem alertas para os agentes sobre os riscos na manipulação dos produtos.

— Nunca tivemos orientação específica em relação ao uso dos inseticidas, a manipulação era feita sem proteção adequada e não sabíamos que tinha lavar separadamente a roupa do trabalho. Foram anos aspirando e absorvendo pela pele aquilo — lembrou. Marcos adquiriu transtornos neurológicos e hipertireoidismo, que causa problemas emocionais e físicos.

Marcos Rogério da Silva, um dos diretores do Sindsprev/RJ, sindicado da área da Saúde, contou que o governo federal não aplica os exames para avaliar a saúde dos servidores.

— O exame periódico deveria ser anual, mas não é, e o de colinesterase era para ser feito a cada dois meses. Esse problema vem de outras gestões. Nós explicamos a situação a cada governo, mas o que vemos é a negligência e os trabalhadores morrendo.

Doença profissional não é reconhecida

O advogado do Sindsprev/RJ, Arão da Providência Filho explicou que a responsabilidade funcional sobre os agentes é do governo federal, mesmo que esses profissionais atuem cedidos a municípios. Arão contou que os agentes adoecidos por conta da atividade não têm reconhecimento da doença profissional e é preciso recorrer a processos administrativos para que recebam a aposentadoria integral.

— O que o Ministério da Saúde tem que fazer é reconhecer como doença profissional, porque essas pessoas se aposentam por invalidez, mas no rol das doenças comuns, e não levam a aposentadoria especial, que dá direito ao salário integral. Esses servidores também não recebem o vencimento integral quando se afastam temporariamente. Então, o que nós fazemos é instaurar procedimento administrativo para o servidor ter esse direito, mas isso demora, pode levar anos — comentou.

O Ministério da Saúde respondeu, em nota, que "os produtos utilizados em saúde pública para combate às endemias são diferenciados daqueles utilizados em plantações (agricultura). A concentração em geral é reduzida, as formulações são específicas e a liberação para uso se dá após testes de toxicidade. Além disso, para uso de inseticidas no combate às endemias no Brasil, há critérios estabelecidos que são: indicação em lista de pré-qualificação da Organização Mundial de Saúde (OMS) e o registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)".

A pasta afirmou que recomenda aos trabalhadores o uso de equipamentos de proteção individual (EPI). Sobre a realização de exames periódicos, o Ministério da Saúde disse que segue as recomendações estabelecidas na Norma Regulamentadora nº 7 do Ministério da Economia, que estabelece as diferentes periodicidades de acordo com cada situação (ex.: idade, exposição, etc). "Já em relação aos exames de colinesterase recomenda-se periodicidade no mínimo semestral a depender do grau de exposição".
Fonte: Jornal Extra, com alterações do nosso blog
Camilla Pontes

Minha opinião:

Nós Agentes de Endemias temos que ficar atentos, porque os colegas da FUNASA, quando utilizavam os produtos, tinham a garantia do governo que os larvicidas (veneno), que não faziam mal a saúde e hoje em dia o que vemos são as sequelas, doenças e claro, o governo tirando o corpo fora, mentindo para os jornais e na divida do dinheiro do governo, nós sempre saímos perdendo.
Se não tiver condições de trabalho  NÃO O FAÇA! Sua saúde em 1° lugar.

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